quinta-feira, 28 de maio de 2009

Um empate

por Felipe Carrilho

Não se pode dizer que o empate de 1 x 1 entre o Corinthians e o Vasco tenha sido um mal resultado para o Timão. Se considerarmos ainda a história do gol fora de casa - aliás, um item esdrúxulo do regulamento que rege a Copa do Brasil - poderemos dizer que o Corinthians construiu ontem uma grande vantagem no Maracanã.

Entretanto, devido às circunstâncias do jogo, o empate representou mais um alívio para os vascaínos do que motivo de satisfação para a Fiel. O time carioca se mostrou tão frágil durante o primeiro tempo que um placar mais elástico parecia inevitável. Mas no segundo tempo, a equipe relaxou demais e permitiu a reação do Vasco.

Mano Menezes, demonstrando a clareza de sempre na leitura do jogo, resumiu bem a questão:

O empate na casa do adversário é bom, mas acho que nós tivemos nosso momento de superioridade no jogo, principalmente no primeiro tempo, e essa superioridade foi tão alta que poderíamos ter feito uma maior quantidade de gols.

A incapacidade demonstrada pelo Corinthians de converter em gols a superioridade apresentada em termos de volume de jogo e oportunidades criadas em campo - verificada também, em alguns momentos, nas partidas contra o Fluminense - parece estar relacionada a certa tranquilidade e confiança excessiva por parte do time de modo geral. O treinador, porém, há tempos demonstra ter percebido esta tendência no conjunto e, em especial, em alguns jogadores. As cobranças públicas sobre André Santos, em partidas passadas, por exemplo, mostraram isso. E, na entrevista após o jogo, Mano não deixou de abordar o problema:

Temos que aprender a aproveitar o nosso momento. Precisamos aprender a ser mais incisivos na hora da superioridade e transformar isso em vitórias, pois futebol é feito de vitórias. (...) Segurar a bola é uma situação do jogo, mas temos feito um pouquinho de confusão com isso.

Mano detectou o ponto fraco, mas o time precisará absorver a crítica e mudar de postura para sermos campeões.

As flores
Souza fez ontem a sua melhor partida com a camisa do Corinthians. Mesmo não marcando gols, movimentou-se bastante e articulou jogadas ofensivas, dando bons passes.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Divulgação

terça-feira, 19 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A mídia ainda são-paulina?

por Sérgio Marcondes

Uma das coisas que mais tem me incomodado nos últimos anos, ao ler os cadernos de esportes dos jornais paulistanos e ver os programas e transmissões de TV, é que, com raríssimas exceções, sempre se difunde a visão da diretoria e da torcida do SPFC sobre tudo, sem qualquer crítica, qualquer contraponto e muitas vezes favorecendo os interesses do clube, sendo colocados como se fossem naturalmente os melhores e mais válidos, e ajudando ao marketing são-paulino, que procura fazer do seu time algo completamente diferente e imensamente superior aos outros clubes de futebol brasileiros. Achava que, talvez, uma das razões disso fosse que, bem ou mal, o SP tem vencido campeonatos nos últimos anos, o que, de um ponto de vista pragmático, daria um pouco de razão a esta postura. Mas o primeiro semestre de 2009 tem demonstrado o contrário: o SP não ganhou nada, tem jogado bem mal, foi eliminado com duas derrotas para o Corinthians do Paulista, e mesmo assim a postura da mídia não mudou em nada. Querem alguns exemplos?

1) A questão dos jogos no México da Libertadores. Sem entrar em outras questões, como a histeria criada em torno da nova gripe (quando existem doenças que matam muito mais pessoas, aqui mesmo no Brasil), ou a participação dos mexicanos em um torneio de outra confederação, a solução encontrada foi aprovada unanimemente por todos os jornais e TVs, e até por blogs de corinthianos como o Juca Kfouri. Eu já vi até alguns comentários, em transmissão de outros jogos, do tipo "se os mexicanos não querem jogar, nós queremos", e tal, que invertem totalmente a história! Ora, os mexicanos não quiseram jogar apenas uma partida fora de casa na casa do seu adversário (como se outros times fossem aceitar)! Outras soluções, como um jogo só em campo neutro, foram rapidamente descartadas, embora todos se apressem a descartar que haja vantagem para o SP ou qualquer preconceito contra os mexicanos... (embora o campeonato deles já tenha sido reiniciado e não haja qualquer recomendação da OMS para evitar viagens ao país). O mais curioso (ou patético) nessa história foi ver o Muricy, que morou no México vários anos e é adorado lá, se complicando todo para tentar defender a decisão da Conmebol sem criticar os mexicanos... Mas até ele, que é um funcionário do clube, foi menos "são-paulino" nos comentários do que os jornalistas.

2) Vamos fazer um exercício de imaginação. Já pensaram, se o Ronaldo tivesse ido para o SPFC e estivesse jogando com o mesmo nível de hoje em dia, quantas reportagens, menções e declarações de são-paulinos apareceriam sobre o centro de recuperação do time, seus médicos, fisiologistas, sua estrutura de nível inigualável no Brasil, que atrai até jogadores estrangeiros, seus métodos revolucionários, etc.? Em compensação, alguém viu ou leu alguma matéria sobre o centro de recuperação do Corinthians em relação ao Ronaldo? Eu, pelo menos, não vi nem li nada...

3) Como foi mostrado em um post de outro ótimo blog (http://bloguedotimao.wordpress.com/2009/05/06/post-26-acho-que-sampa-nao-tera-estadio-para-a-copa-do-mundo/), o Morumbi tem muito mais problemas para sediar a Copa de 2014 do que eu pensava. Questões de estrutura, de estacionamento, mesmo de capacidade para ser ampliado. Mas eu, lendo jornais e vendo reportagens de TV, nunca soube disso, parecia que a decisão já estava sacramentada, que o Morumbi não tem problema nenhum, que só precisa de uma ou outra obrinha mínima, e que é um estádio de nível internacional, de qualidade indiscutível, e motivo de inveja de todas as torcidas do Brasil e talvez do mundo...

4) Por fim, todo início de ano os diretores do SP dão entrevistas exaltando as contratações do time, "cirúrgicas", "brilhantes", "de nivel europeu", que tornarão um time que já é ótimo praticamente invencível. E o que acontece depois? Mais da metade dos reforços nem joga direito, alguns são vendidos sem nenhum alarde, poucos realmente se estabelecem no time... De 2008, Joilson, Juninho, André Lima, só para citar alguns "craques" que vieram e já foram embora sem terem feito nada ou são reservas dos reservas, sem nenhum comentário dos são-paulinos. Fora que, no ano passado, teve gente que disse que com o Adriano o SP seria invencível... E este ano? O contratado para a lateral-direita (Wagner Diniz) tem sido quarta ou quinta opção na posição, outros nomes nem jogado têm, e mesmo os que estão como titulares, Júnior César, Arouca e Washington, estão passando longe de serem reforços brilhantes para o time. E alguém, em algum lugar, se preocupa em questionar os diretores, ou lembrar das declarações iniciais deles, talvez mostrar que o SPFC não é tão infalível como gosta de se fazer?

São alguns exemplos (nem de longe os únicos) de como a mídia "compra" sistematicamente tudo que vem do SPFC, e trata de maneira desequilibrada esse time em comparação aos outros daqui. Será que algum dia isso vai melhorar? Ou os interesses econômicos não permitem isso?

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Onde estão nossos ídolos???

Para provar que este blog, embora corintiano até nos ossos, adota uma postura "ecumênica" em relação a torcedores de outros clubes, publicamos, abaixo e extraordinariamente, um texto de um amigo que, apesar de palmeirense, é muito gente boa:
por Marcelo Russo

Numa época em que o futebol é apenas dinheiro aos olhos de muitos atletas, conseguimos garimpar algumas pessoas que fazem o seu trabalho não apenas pela parte financeira, mas também por amor.

Exemplo disso é Marcos Roberto Silveira Reis, ou simplesmente Marcos, São Marcos, Marcão. Goleiro da SE Palmeiras, vem se destacando no clube já há gloriosos 10 anos. Sua trajetória ao longo deste período, fez ele tornar-se um ídolo incontestável da torcida palmeirense.

Muitos desses torcedores, por outro lado, não têm a devida paciência quando uma contusão mais séria acontece e Marcos tem que se afastar e, por exemplo, em seu retorno, precisa levar um tempo para ter de volta sua forma física.

Como todo ser humano, Marcos é passível de erros. Suas falhas, que não são muitas, ainda são lembradas, mas será que recordamos de todas as vezes que ele salvou o time?

Enfrentamos uma carência tão grande de ídolos que, além de se identificarem com a torcida, jogam por amor ao trabalho. Além do exemplo de Marcos, temos, num passado cada vez mais distante, muitos outros que fizeram história em seus respectivos clubes, tais como: Sócrates, Neto e Marcelinho (Corinthians), Ademir da Guia e Oberdan (Palmeiras), Raí (São Paulo), Pelé, Clodoaldo e Pepe (Santos), assim como tantos outros que me faltam à memória.

Se formos analisar, nos dias de hoje, quem é ídolo em algum clube? Se eu estiver dizendo bobagem, por favor me corrijam, mas vejo apenas Marcos e Rogério Ceni, pelo Palmeiras e São Paulo respectivamente. Nem vou citar o Ronaldo do Corinthians, porque ele não se encaixa exatamente no que eu quero mostrar, pois chegou há apenas alguns meses e, apesar de estar jogando e ajudando o Corinthians, não tem a mesma história que nossos dois exemplos acima.

E o Santos, Portuguesa, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Cruzeiro, Atlético Mineiro têm quem? Viram onde quero chegar? Faltam a vários clubes não alguém que venha de algum lugar, se identifique e vá embora, depois de uma temporada ou um campeonato, atraído pelo tilintar das moedas estrangeiras.

Por isso, parabéns a Marcos e Rogério Ceni, que ainda conseguem levar no coração o escudo e as cores de seu time, sem se deixar abalar pelos altos e baixos da carreira. Sinto pena dos torcedores carentes de ídolos, pela falta de competência de alguns dirigentes, que só visam o lado lucrativo do futebol.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Por uma diretoria corintiana


por Felipe Carrilho

Segue, abaixo, uma lista de preços de ingressos para assistir aos jogos do Corinthians, de acordo com cada setor, retirada do site oficial do clube:

Arquibancada Pt Principal
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Arquibancada Amarela Pt 3
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Arquibancada Pt 21
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Tobogã
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Cadeira Especial Laranja
R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

Numerada descoberta
R$150,00 (inteira) / R$ 75,00 (meia)

Área VIP Corinthians
R$ 250,00 (inteira) / R$ 125,00 (meia)

Arquibancada Pt 22 - Visitante
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)
(grifos meus)

Quem frequenta o Pacaembu pode perceber, pela análise desta vil tabela de preços, que o setor especial laranja passou, em pouco tempo, do preço de R$ 40 a R$ 70 e, finalmente, aos extorsivos R$ 100, num aumento de 150%!!!

Além disso, os ingressos mais "baratos" (R$ 30) referem-se aos setores de visão e condições de acesso mais precárias. Quem já assistiu a um jogo do Corinthians do "tobogã", por exemplo, sabe que, apesar da empolgação dos torcedores, é uma batalha para conseguir entrar no estádio, as arquibancadas ficam atrás do gol e longe do campo, além de o setor estar sempre superlotado.

Como Renato Godoy mostrou, no texto abaixo, a majoração nos preços dos ingressos, por parte da diretoria do Corinthians, está intimamente relacionada a um processo de elitização do futebol desencadeado em nível federal, como preparativo para a Copa do Mundo de 2014.

Na direção do Corinthians, Luis Paulo Rosemberg e Mário Gobbi mostram-se muito afinados com tal política. Para o primeiro, "ou cobramos o preço que equilibra oferta e procura ou teremos filas, cambistas e violência". Já Gobbi é mais direto, beirando o cinismo: "O ingresso está caro? Está barato. Aliás, está muito barato. O futebol é muito caro".

O que se pode notar pela análise das declarações dos dirigentes corintianos é a adequação da política do clube a uma lógica econômica perversa, que considera o Corinthians uma empresa ("preço que equilibra oferta e procura...") e condiciona a solução de problemas sociais ao implemento de uma gestão eficiente ("...ou teremos filas, cambistas e violência").

É lamentável que a diretoria do Corinthians pense desta maneira, pois não há nada menos corintiano do que a fria racionalidade do capital. O Corinthians construiu a sua identidade relacionando-se com os setores marginalizados de nossa sociedade e, por isso, representa simbolicamente a resistência destes.

Além disso, não podemos nos esquecer que foi durante o período de 23 anos "de fila" que a torcida do Corinthians mais cresceu. Fatos como este distanciam o corintiano da ideia de "consumidor de futebol", pois mostram que a lógica de sua existência é a da paixão incondicional e da dedicação gratuita.

Assim, a atual diretoria, ao priorizar a conquista de títulos à custa da retalhação de nosso manto sagrado por bancos e multinacionais e da espoliação da nação corintiana, atua como uma espécie de negativo da alma do clube.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A violência para além dos estádios (P.2)

por Renato Godoy

Conforme prometido aqui, publicamos abaixo a segunda parte da matéria originalmente veiculada no jornal Brasil de Fato sobre as medidas do governo federal para o combate à violência. A discussão tornou-se ainda mais propícia: as finais dos campeonatos estaduais passaram, sem quaisquer grandes indícios de violência. Porém, as medidas de elitização dos estádios estão mais rigorosas.
O maior exemplo disso é a atitude da diretoria do Corinthians. Mesmo com todo esforço para se passar como tão popular quanto sua torcida, a gestão Andrés Sanchez reajustou o preço em todos os setores do estádio do Pacembu. O corinthiano que for acompanhar o seu time contra o Fluminense na próxima quarta-feira, terá opções de R$ 30 a R$ 250. Como diria Andrés, isso é uma "sacanagem" que fazem com o corinthiano. Enfim, segue a matéria.

Elitização é sugerida por dirigentes
Brigas em setores mais caros desmentem associação entre pobreza e violência
Na esteira do pacote de medidas apresentadas pelo governo federal, dirigentes esportivos, cronistas e o próprio promotor Paulo Castilho aproveitaram para sugerir medidas de modernização nos estádios que acarretariam em encarecimento dos ingressos em troca de uma maior comodidade nas arenas.

“As coisas só irão melhorar quando todos os assentos forem numerados. Podem considerar isso como uma elitização do futebol. E, infelizmente, é”, admitiu o superintendente do São Paulo, Marco Aurélio Cunha, em um programa esportivo. O discurso do dirigente, também vereador pelo DEM na capital paulista, tem sido frequente entre formadores de opinião no âmbito esportivo. A elitização do esporte mais popular do país viria como consequência da modernização dos estádios e da busca de uma solução para a violência, segundo esse discurso.

Dois acontecimentos recentes no futebol paulista desmentem essa tese. Em uma partida entre Corinthians e Santos, na primeira fase do campeonato estadual, um tumulto foi iniciado entre torcedores corintianos das numeradas e dirigentes santistas que quase arremessaram uma placa de vidro contra os rivais.

Na semifinal entre Corinthians e São Paulo, os únicos tumultos registrados partiram de provocações e troca de tapas entre são-paulinos que estavam nos locais mais caros do estádios e os ocupantes das tribunas reservadas à diretoria alvinegra.

Na prática, o torcedor mais pobre já está sendo repelido pelo preço dos ingressos e pela forma como estes são vendidos (sempre em horário comercial). Tomando como exemplo os estádios onde jogam os quatro principais clubes do Estado de São Paulo – Morumbi, Pacaembu, Parque Antártica e Vila Belmiro – percebe-se que os locais com ingressos populares foram se restringindo.

Com exceção do Pacaembu, que pertence ao município, todos as outras três arenas firmaram recentes parcerias com a empresa de cartão de crédito Visa, criando um setor com assentos numerados em locais de visão privilegiada que outrora apresentavam os preços mais baratos. No entanto, a administração municipal foi a primeira a encarecer boa parte dos setores populares.

Pobreza e violência
De acordo com o sociólogo Mauricio Murad, essas leituras têm associado a pobreza à violência. “Mesmo que não seja consciente, essa associação parece que acontece, sim. O futebol é um dos maiores patrimônios de nossa chamada cultura popular e é isso que deve ser preservado, reforçando as nossas raízes históricas e sociais e combatendo todas as práticas de violência no mundo do futebol. Inclusive aquelas violências pouco citadas, como o racismo, o exclusão por gênero, por opção sexual e a exploração de dirigentes e empresários”, pontua.

Fim de organizadas aumentaria a violência, diz socióloga
A cada episódio de violência vinculada ao futebol, surgem opiniões na imprensa defendendo a extinção das torcidas organizadas. No entanto, a medida já foi experimentada em São Paulo e em nada alterou o quadro.

Em 1995, as torcidas do São Paulo e do Palmeiras protagonizaram a cena mais violenta da história do futebol brasileiro. Após uma partida entre juniores das duas equipes, os espectadores invadiram o gramado do Pacaembu e confrontaram-se com paus e pedras, vitimando um torcedor são-paulino.

Com a comoção em torno do caso, o promotor público Fernando Capez, hoje deputado estadual pelo PSDB, pediu o fechamento da Mancha Verde (do Palmeiras) e da Independente (do São Paulo). Os episódios de violência não cessaram, tal como a atividade das torcidas, que ressurgiram com pequenas alterações em seus nomes.

Pertencimento
Para a socióloga Heloísa Reis, ao extinguir essas agremiações, o Estado está desistindo desses jovens. “Não concordo com o fim das torcidas organizadas. A sociedade brasileira hoje se caracteriza pela falta de participação política, sobretudo dos jovens. Nas torcidas organizadas, há uma juventude masculina que atua. Se acabarem com estas entidades, virará um caos. O Estado perde o controle sobre esses jovens”, acredita a socióloga, que propõe uma maior aproximação entre as torcidas e as universidades para desenvolver programas educativos.

Augusto Juncal, do coletivo Rua São Jorge dos Gaviões da Fiel, atesta que, sem uma direção, muitos torcedores estariam mais predispostos a brigar. “Muitas ações violentas são evitadas porque há uma organização, uma diretoria que segura. Por exemplo, no confronto entre a torcida do Corinthians e a polícia no jogo em que perdemos pro River Plate [na Taça Libertadores, em 2006], se não fosse a atuação da diretoria, poderia ter ocorrido um massacre. O povo tava cego e a diretoria tirou eles de lá. Muitas vezes estamos caminhando para o estádio e alguns querem desviar o caminho para 'pegar' adversários. E a gente não deixa”, exemplifica.

Para o torcedor, os jovens, quando ingressam numa torcida organizada, buscam ser ouvidos e o sentimento de pertencimento. “A maioria de nós não pode ser sócio de um clube, nem do Corinthians, porque não temos 50 paus por mês para pagar a mensalidade. É uma questão de pertencimento. Os ricos têm essa sensação de pertencer a um clube luxuoso, ele usa isso como modo de estar na sociedade. E nós também, somos os Gaviões”, define.

domingo, 10 de maio de 2009

Campeonato Nacional de Futebol em São Paulo


por Rui de Castro

Mais uma vez volto a falar sobre a final do Campeonato Paulista de Futebol, para mostrar o que, ou quem, se representa nos gramados paulistas, apenas nos paulistas, porque se fossemos falar dos campos brasileiros teríamos muito, mas muito, assunto.

Os estádios de São Paulo recebem jogadores de todos os Estados do Brasil, e até de fora do País. Aí talvez esteja um dos grandes aspectos da atração e da magia do futebol. Dentro de campo não existem diferenças, não interessa se o jogador veio do Sul, o paulistano vai torcer por ele como um louco, com todo o fanatismo que este esporte bretão permite.

Na final entre Corinthians e Santos, grandes foram os destaques dos dois lados. A disputa era paulista? Isso não impediu em nada os avanços do carioca Madson (Volta Redonda/RJ), que parou nas mãos do também carioca Felipe, que foi revelado pelo time baiano do Vitória, assim como o Fábio Costa, este sim baiano de Camaçari.

Se um grande clube começa por um grande goleiro, a Bahia nos mandou dois de uma vez para a final, o que nos permite enviar um pedacinho desse troféu para lá.

Mais destaques? Pela lateral direita do Corinthians, o paranaense Alessandro (Assis Chateaubriand/PR) nem queria saber se a bola iria encontrar o carioca de Bento Ribeiro, Ronaldo, ou o de Resende, Jorge Henrique, ou mesmo o mineiro Cristian (Belo Horizonte/MG), o importante era o gol. Nisso todos tinham o mesmo sotaque.O eficiente santista Germano (Toledo/PR) não pedia a certidão de nascimento antes de tocar a bola para o maranhense Kleber Pereira (Peri-Mirim/MA).

Se, na semifinal, os quatro grandes clubes de São Paulo estavam presentes, trouxeram a campo grandes jogadores de todo o Brasil. Pelo São Paulo, a bola passava pelos pés de Hernanes (Recife/PE), de Borges (Salvador/BA), de Washington (Brasília/DF) e pelas mãos de Rogério Ceni (Pato Branco/PR). Do lado do Palmeiras disputaram a redonda Diego Souza (Rio de Janeiro/RJ), Keirrison (Dourados/MS), Cleiton Xavier (São José da Tapera/AL), dentre outros.

Sem injustiças, apenas por questões de espaço do blog, muitos não serão citados, mas estão aí escrevendo suas histórias, ajudando a escrever a história dos clubes, grandes ou pequenos. Esse é um grande “barato” do futebol: as cores das camisas e das bandeiras mudam, mas nos treinos, nas concentrações, nos vestiários e nos gramados, todos são, acima de tudo, brasileiros. Não discriminam sotaques, nem origens; nos campos, o Brasil não se coloca contra o Brasil, antes caminha lado a lado, pelas laterais, pelo meio, pelo ataque para fazer mais brasileiros felizes.
Hoje a taça repousa na sala de troféus do Parque São Jorge, mas poderia estar em qualquer lugar desta Nação.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Desde criancinha

Este aí é o Ronaldo Santanielli, o nosso chargista. Nessa época, era comum, no Corinthians, confundi-lo com outro Ronaldo, o Giovanelli. Faz sentido, ambos eram craques do Timão...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Vice


por Rui de Castro


O que leva um time ao vice-campeonato? O que faz um time percorrer toda uma competição, derrotando vários adversários pelo caminho, e perder exatamente a partida que não se pode perder? A resposta pode estar numa conversa informal, que presenciei entre dois torcedores, numa lanchonete da capital paulista, às vésperas de uma decisão.

Vila Belmiro, 26 de abril de 2009. A cidade de Santos recebe os dois finalistas do Campeonato Paulista de 2009. De um lado os anfitriões, o Santos Futebol Clube, do outro, o visitante Sport Club Corinthians Paulista.

Muitos poderiam imaginar que o visitante iria apenas se defender na casa do adversário, mas o Corinthians foi além, atacando muito e conseguindo a expressiva vitória por 3x1, na presença do rei Pelé e tudo.

Ainda que o Santos manifestasse, através do seu técnico e dos jogadores, uma reação para a próxima, e decisiva, partida, o time do parque São Jorge havia dado um passo importantíssimo para mais um título paulista.

O que restava ao Santos? O que restava a um time que se classificou apenas na última partida, diante da Ponte Preta, de forma bastante questionável? O que restava ao time de um técnico que na semifinal colocou um jogador, aparentemente apenas para provocar o adversário (Domingos X Diego Souza, lembram-se?), esquecendo-se talvez que jogadores jogam, lutadores lutam? O que restava ao Santos contra o invicto Corinthians?

Voltemos à lanchonete e à conversa dos dois santistas. Eles, já sem esperança alguma, declararam que seria impossível ao Santos reverter a vantagem corinthiana, mas queriam uma vitória apenas para “carimbar” a faixa do campeão.
Essa mentalidade pequena e típica dos perdedores deve ter tomado conta da Vila Belmiro, ainda que não o admitissem. O técnico Vagner Mancini demonstrou não ter o principal para se dirigir um grande time: uma grande mentalidade, o popular “pensar grande”. O modo como o Santos se abateu, após o gol de empate do Corinthians, mostrou isso.

O diálogo na tal lanchonete ilustrou bem o que talvez tenha sido o único objetivo dos alvinegros praianos no estádio Paulo Machado de Carvalho, no último domingo, o histórico 3 de maio. Como terminou essa história? O Corinthians conquistou merecidamente o seu 26º título paulista e ao Santos restou o vice, talvez de forma imerecida. Seria mais digno ter enfrentado a lusinha.

O Fenômeno voltou

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Coisas que só acontecem com o Botafogo...



por Maurício Rodrigues Pinto

E Cuca conseguiu conquistar o seu primeiro título como treinador. E deve ser muito grato à sina do Botafogo, que, mais uma vez, conseguiu fazer o improvável na decisão do Carioca.

Desfalcado de dois dos seus melhores jogadores, o Alvinegro saiu perdendo por 2 a 0. No início do segundo tempo, desperdiçou um pênalti. Até que acontece o que parecia ser impossível: uma reação relâmpago com gols de Juninho e Tulio Souza, aos 16 e aos 18 minutos.

Imagino a angustia que recaiu sobre Cuca após a reação botafoguense e depois, chegado o momento dos pênaltis. Certamente, religioso como é, deve ter lhe ocorrido o pensamento: "mais uma vez, meu Deus..."

Mas, foi a vez de Cuca e o Fla foi tricampeão em cima do Botafogo. Ao despencar de cara no gramado, depois da último penal defendido por Bruno (o principal jogador da decisão), via-se ali um homem que, finalmente, parecia respirar aliviado. Ou como o mesmo disse na coletiva, tirava "um caminhão pesado de cimento" das suas costas.

Como na decisão de 2007, a primeira da série de decisões entre Bota e Fla, os dois jogos decisivos terminaram em empates por 2 a 2 e o título foi ganho pelo Rubro Negro na decisão por pênaltis.

E curiosamente foram os dois únicos remanescentes daquele vice-campeonato, Juninho e Leandro Guerreiro, os botafoguenses que perderam as suas cobranças na decisão por pênaltis. Penais defendidos por Bruno, goleiro que também fora o herói do título de 2007, defendendo duas penalidades.

Tantas coincidências só poderiam acontecer com o Botafogo...

Balanço final do Paulistão corintiano

por Felipe Carrilho

Depois de enfrentar um árduo Campeonato Paulista, o Corinthians se sagrou campeão pela 26ª vez e, de maneira invicta, pela 5ª vez em sua história: 1914, 1916, 1929, 1938 e 2009.

Foi uma competição emocionante para nós, corintianos. Após fazer uma grande campanha na série B, o Corinthians iniciou o campeonato estadual inseguro e instável. A maneira tímida como Mano Menezes escalava o time nos primeiros clássicos ilustra bem isso. Havia uma nítida preocupação em se autoconvencer primeiro de que era possível vencer os grandes rivais. Talvez Mano tenha demorado a perceber o real valor de seu time, mas o fez a tempo, surpreendendo a todos com o esquema tático ofensivo que montou para as semifinais e finais do campeonato.

Outro ponto a salientar foi a maneira como eliminamos o São Paulo. Atual campeão brasileiro, o time mais pretensioso do Brasil caiu ante um Corinthians claramente melhor nos dois jogos das semifinais. Ronaldo, como havia sido contra o Palmeiras e seria frente ao Santos, foi decisivo e mágico na ocasião.

Mano e Ronaldo

Outro ponto positivo foi o modo como Mano Menezes conduziu a adaptação de Ronaldo ao Corinthians. Muito sereno e profissional, o técnico soube escalar o craque nas horas apropriadas, não cedendo a pressões de patrocinadores, mídia etc. Boa parte de seu grande rendimento, Ronaldo deve à sabedoria de Mano Menezes.


O craque do time

Nem Ronaldo, nem Elias, ou Felipe. O jogador mais importante do Corinthians foi Cristian. Volante discreto, foi um leão no meio campo corintiano. Sua capacidade de marcação e senso de posicionamento foram fundamentais para que Mano Menezes se sentisse seguro para abandonar de vez o esquema com três zagueiros. Ainda que isso não bastasse, Cristian fez também os seus gols, como o inesquecível que marcou contra o São Paulo, no primeiro jogo da semifinal, encarnando a alma corintiana.

Porém...

A lamentar, apenas algumas questões: O modo como o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, tentou chamar mais a atenção do que os jogadores, erguendo a taça antes do capitão Willian! Do mesmo modo, o intruso bando de políticos presentes na premiação.
Além disso, como lucidamente salientou Ronaldo, a desorganização da festa - que colocou o nosso capitão em perigo, ao se ver envolvido pelo pequeno incêndio causado pelos fogos de artifício - e finalmente, o assédio exagerado dos jornalistas sobre o fenomenal centroavante.

Apesar dos pesares, aqui é Corinthians!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma passadinha pela final do Carioca: inspiração direto da Torre da Barão



por Maurício Rodrigues Pinto

Essa é a minha primeira contribuição ao blog. Passei um tempo pensando sobre o que iria escrever e encontrei alguma inspiração na minha estada no Rio de Janeiro. Passei, justamente, o fim de semana no qual acontecia aquela que seria a primeira das três decisões entre Flamengo e Botafogo.

Era visível que o Rio era uma cidade em clima de decisão. Muita gente nas ruas e na praia ostentando as suas camisas de Botafogo e, em número muito maior, de Flamengo. Curti um domingo tipicamente carioca: praia de Ipanema com direito a sol, calor, areia fofa e mate com limão gelado (delícia!!!). Para completar esse domingo, almoço regado a chopes (no Rio, por melhor que sejam, não passam de razoáveis) e caipirinha (essa, sim, muito bem preparada) e acompanhando a final da Taça Rio, entre inúmeros flamenguistas e um botafoguense assumido.

O jogo não foi lá grande coisa, mas venceu quem sempre buscou o jogo. O Bota, que podia ser campeão naquele jogo, adotou uma tática conservadora e optou por jogar nos erros do adversário. Quase deu certo no 1º tempo, pois o sistema defensivo do Flamengo ofereceu duas chances claras de gol ao Botafogo, desperdiçadas por Victor Simões (de forma bisonha) e por Maicossuel (chute na trave).

O Fla foi o time que, se não fez um bom jogo, ao menos mostrou que estava disposto a jogar. Teve maior posse de bola, maior volume de jogo, mas esbarrava nas suas limitações ofensivas. Basta dizer que os atacantes do Mengo são Emerson (!?), Josiel e Obina - hoje, segundo reserva.
No segundo tempo, o Rubro-Negro, de forma desordenada e esbarrando na ineficiência do ataque, aumentou a pressão e procurou mais a vitória e o Bota foi ainda menos ousado, pois nem mesmo conseguia contra-atacar.
Diante deste cenário, o gol só podia ter acontecido da maneira como aconteceu. Falta a favor do Fla próxima a grande área, bola lançada na área, o zagueiro Ronaldo Angelim desvia de cabeça e Emerson (não o atacante do Fla e, sim, o zagueiro do Botafogo) chuta para o gol. 1 x 0 e placar final. Flamengo campeão da Taça Rio e mais dois jogos para se decidir quem será o Campeão Carioca de 2009.

A terceira final consecutiva entre Botafogo e Flamengo. O Flamengo tentando o tri, mas tendo no banco o homem que foi derrotado nas duas finais anteriores, o técnico Cuca. Essa final tem uma peculiaridade das mais interessantes. Coloca em lados opostos criador versus criatura. Cuca ainda tem forte identificação com o Botafogo, time que se notabilizou pelo jogo ofensivo e pelo futebol bonito, mas que ficou ainda mais famoso pelas derrotas (popularmente, amareladas) nos momentos decisivos.

Cuca e o Botafogo guardam traumas e, possivelmente, alguns temores, mas também querem - e precisam - provar que podem ser vencedores.
Mantida a igualdade no primeiro jogo, mesmo com o desfalque de Maicossuel (o improvável craque do Botafogo e do campeonato), em uma final marcada por um duelo entre "amarelões", é impossível dizer quem, no próximo domingo, finalmente poderá extravasar a frustração pelos fracassos recentes e soltar o grito de "É CAMPEÃO!!!!".

Ps.1: Cuca tem muito mais a perder do que o Botafogo. Existe o bordão "Coisas que só acontecem com o Botafogo" e, entre os grandes cariocas, é o time menos vencedor. Por outro lado, quem pode contar com personagens como Garrincha, Nilton Santos, Didi, entre outros, sempre terá uma bela história no futebol.

Cuca é um treinador conhecido por formar times que sabem jogar de forma ofensiva, mas que não sabe lidar com a pressão das decisões e sempre se abate nas derrotas. Até o momento nunca conquistou um título e a cada derrota em final, tem o seu trabalho cada vez mais contestado. O seu Flamengo, diferente dos outros times que formou, não tem jogado um belo futebol, mas mais uma derrota poderia enterrar definitivamente a carreira de um treinador que tem o mérito de ser um dos poucos a optar por uma forma de jogar baseada na ofensividade ou pelo tomar a iniciativa do jogo.

Ps. 2: No dia decisão, a única camisa de time que vi, além de Botafogo e Flamengo, foi, curiosamente, a do Corinthians. Foram 3 pessoas usando camisas do Corinthians. Para mim, pareceu-me um dado muito significativo. Por mais corinthiano que seja esse blog, esse dado foi comprovado por uma são-paulina que naquele mesmo dia, saiu da Torre da Barão levemente insatisfeita...