quarta-feira, 29 de julho de 2009

O drama deste blog


por Felipe Carrilho

Lendo o livro "Veneno Remédio - o Futebol e o Brasil", do professor da USP e músico José Miguel Wisnik, deparei-me, logo no início, com a formulação da seguinte problemática:

O leitor a quem se dedica este livro não é evidente: em geral, quem vive o futebol não está interessado em ler sobre ele mais do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro.
Sem esquecer da modéstia deste nosso projeto em relação à obra do professor, acho que o nosso blog demonstra claros sinais de sofrer também as consequências deste nó em que se localiza o futebol no Brasil.

Está certo que o objetivo original do veículo de a partir do futebol, promover reflexões a respeito do conjunto da sociedade e de suas manifestações políticas, artísticas, culturais etc não é lá muito modesto e talvez explique a baixa e decadente publicação de novos textos. Mais do que isso, quiçá justifique a tímida repercussão que os temas aqui propostos provocam junto aos ainda possíveis leitores. A nula repercussão que este artigo proporcionará será uma prova cabal e trágica desta maldição.

Entretanto, o maior drama deste blog talvez esteja contido na formulação a seguir de Wisnik. Espero que não.

Não é incomum, também, que intelectuais vivam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Insatisfação?

por Rui de Castro

Julho de 2009 – Estamos na metade do ano e o Corinthians já deu mais motivos para o seu torcedor sorrir do que qualquer outro time neste país. Vou até esquecer a conquista irrepreensível do ano passado, mas vou citar só os títulos deste ano, lembrando que ainda temos mais cinco meses até o final de 2009. O ano começou com a conquista da Copinha, belo início para nós. Papamos o Paulistão de forma invicta, ganhamos a Copa do Brasil, e ainda estamos em quinto lugar no Brasileirão. Para um time que conquistou tanto está, sim, muito bom.

A tal ressaca pós-títulos não nos atingiu, mas mesmo assim estamos chateados, preocupados e revoltados. Perdemos neste último domingo, dia 26, de um time que ainda não ganhou nada neste ano, e, provavelmente, não ganhará.

Como estão nossas “vítimas” por aí? Vamos começar pelo Santos: também não ganhou nada e está apenas em 12º no campeonato. Detalhe: perdeu em casa do Flamengo, isso sim é ressaca. O São Paulo, outra vítima, não conquistou a Libertadores, dançou no Paulistão, demitiu técnico e, ainda, não saiu do 11º lugar. Pela Copa do Brasil, eliminamos o Atético Paranaense, que está na zona de rebaixamento. Boa sorte a eles. Tiramos da “jogada” o Fluminense, que também está em situação crítica, 19º. Boa sorte. Mais um carioca, o Vasco, que hoje está na Série B, ainda fora da zona de acesso. Espero, sinceramente, melhor sorte hoje à noite (minha mãe, apesar de corinthiana, tinha imensa simpatia pelo time cuzmaltino). Finalmente o Internacional, que está um ponto à frente do Timão, apenas um ponto, diferença bem pequena para um time que há pouco tempo era a sensação do País.

É claro que temos motivos para nos preocupar, esse tal desmanche não está sendo bom, alguns jogadores vão deixar saudade, com o Cristian. O Douglas é craque, mas parecia meio desanimado; o André Santos estava louco para ser negociado, depois da seleção, então. Agradeço pelo gol na final da Copa do Brasil, mas quando um jogador quer sair, é melhor deixar. O Cristian recebeu uma proposta, considerou-a interessante, mas vai fazer falta neste elenco, não só pela qualidade, mas também pela identificação. As lágrimas na despedida mostraram bem isso. Torcedores de outros times devem ter ficado com inveja.

Reforços estão chegando, outros virão e eu estou otimista com o Timão, alegria do povo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Futebol musical


por Felipe Carrilho



Depois de assistir à vitória do Corinthians sobre o Fluminense, na última quarta-feira (8/7), lembrei-me de um artigo que li, há alguns anos, na saudosa revista Jazz+. O autor (cujo nome a minha memória etilicamente prejudicada não me permite lembrar) buscava defender o estilo bebop das acusações que, na época de seu aparecimento, o rotulavam de "música individualista" e "anárquica", no pior sentido do termo.

Privilegiando pequenos conjuntos, e promovendo uma verdadeira revolução rítmica – com o despontar de novas síncopas e imagens complexas no tempo –, o bebop proporcionou ao solista um destaque nunca pensado antes. O resultado foi o desenvolvimento de um fraseado anguloso, flexível e irregular, que exigia uma técnica instrumental muito apurada por parte do improvisador. Dizzy Gillespie e Charlie Parker foram os grandes precursores do movimento.

Essa espécie de primazia anárquica (no melhor sentido) do solista foi um dos principais pretextos utilizados pelos detratores do jazz para criticar a nova estética que surgia.

A resposta do crítico em questão, por outro lado, apresentava o bebop como um estilo de jazz caracteristicamente coletivo e harmônico. Segundo o autor, as condições determinantes para que o solista pudesse atingir a excelência em suas improvisações eram justamente o entrosamento entre os membros da chamada "cozinha musical" (baterista, contrabaixista e pianista) além, claro, da competência individual de cada um dos músicos. O resultado seria um som em que o esforço coletivo proporcionaria a melhor expressão da individualidade. Algo que alguns teóricos talvez comparassem com o que chamam, em política e sociologia, de "socialismo personalizante".

Não apenas concordo com o ilustre (e, aqui, anônimo) crítico, como acho que o futebol apresentado ultimamente pelo Corinthians edita, dentro das quatro linhas, a dinâmica musical do bebop. Mano Menezes montou um esquema tático em que o funcionamento, às vezes, perfeito de dez jogadores talentosos e entrosados possibilita a um solista fenomenal atingir o ápice de sua capacidade de improvisação futebolística.
Assim como a música do bebop, o futebol corintiano atual insinua, com sua prática coletivista e libertária, possibilidades de realização de utopias. Na era da massificação dos sons e da bola, a música popular e o futebol ainda são capazes de produzir demonstrações dissonantes de resistência. Basta querer ver e ouvir.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Incontestável

por Felipe Carrilho

A vitória de ontem foi a cristalização de um processo que começou na Série B, quando o Corinthians começou a traçar um planejamento de fôlego. E não há dúvida de que Mano Menezes é o grande responsável por isso, sempre equilibrado e mantendo uma liderança carismática.

Sob a batuta do treinador, vencemos de maneira incontestável o time que era considerado "o melhor do Brasil" pela grande maioria da imprensa esportiva. E mesmo sofrendo contestações inadequadas ou falaciosas (como a de que o Inter teria perdido o primeiro jogo devido aos desfalques que sofreu) e tentativas de vencer a competição nos bastidores (com o lançamento, por parte de um dirigente-piadista do Internacional, do infame DVD), passamos pelo time completo deles, fora de casa. O placar poderia ter sido o de uma vitória de muitos gols de diferença se o Corinthians não tivesse liquidado completamente a partida nos primeiros 45 minutos.

No ano do centenário, vamos tentar conquistar a Libertadores e estamos no caminho certo. Sem qualquer tipo de propaganda, vale a reprodução da imagem abaixo.


Pelo Corinthians, com muito amor, até o fim!!!

Eu já sabia...

por Renato Godoy

Por enquanto, temos que relembrar aquele lugar-comum: uma imagem vale mais do que mil palavras. Segue a imagem: