quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Personalidades do futebol brasileiro em... 2009

por Maurício Rodrigues Pinto

Há tempos que não frequento esse espaço. Sou tão atrasado que decidi postar, apenas agora, 13 de janeiro de 2010, a minha seleção de personagens do futebol brasileiro em 2009. Mas acho que ainda é pertinente fazê-lo.
Considero, apenas, os jogadores que atuaram no futebol brasileiro. Diferente das eleições de melhores jogadores divulgadas no final do ano, essa lista não busca apresentar quem foi melhor, mas, sim, destacar os personagens que nos fazem superar o olhar “técnico”, focado no jogo nas quatro linhas. Figuras que, de alguma maneira, contribuíram para o espetáculo do futebol, um jogo fantástico, capaz de despertar tantas emoções inexplicáveis.
Digo, de antemão, que não aceito qualquer crítica por uma suposta predileção carioca... rs

Goleiro: Marcos. Depois de muito tempo e especulações sobre aposentadoria, Marcos teve um ano intenso. Frangou, meteu a boca nos companheiros, na diretoria, na imprensa, foi mais carismático do que nunca, mas acima de tudo, pegou muito e voltou a ser o “São Marcos”. Se o Palmeiras não fraquejou antes, deve muito a personalidade e às defesas do Santo. O momento ápice foi diante do Sport, em Recife, quando defendeu três pênaltis.

Laterais: Pensei, pensei... e quer saber nenhum lateral direito ou esquerdo merece destaque. Uma posição que está cada vez mais caracterizada pela mediocridade, falta de talento e imaginação. Além do baixo nível técnico, os laterais-alas também tem se revelado personagens pouco expressivos. Ao ponto do preguiçoso e insosso Kleber ser eleito, mais uma vez, pelos especialistas o melhor lateral-esquerdo do Brasileiro. André Santos, atual titular da Seleção, depois da boa passagem pelo Timão,obscureceu-se no Fenerbahce e só voltou a ser notícia após suposto envolvimento em orgia sexual... Sendo assim, o personagem das laterais é o vazio que existe nessas posições, atualmente, as mais carentes do futebol brasileiro.

Zagueiros: Dupla Fla-Flu. Nenhum deles se notabiliza pela técnica, mas sim pela vontade, superação e importância em momentos decisivos.
Gum, veio da Ponte sob imensas desconfianças. Chegou no meio do campeonato, quando o Flu apelou para contratações desesperadas, tentando a fuga do rebaixamento. A coisa só piorava e Gum, recém-chegado, foi perseguido pela torcida. Mas na arrancada do Flu, foi figura importante. Marcou gols, defendeu com raça e se tornou símbolo da recuperação tricolor, ao marcar o gol da classificação a final da Sul Americana, mesmo com a cabeça lesionada.
Ronaldo Angelim. Por pouco, no início do ano, viu-se obrigado a abandonar o futebol por conta de uma grave infecção. Discreto e pouco falante, por muito tempo, foi o zagueiro que jogava ao lado do capitão e líder Fabio Luciano. Com a aposentadoria do capitão, assumiu a condição de principal jogador da zaga e tornou-se uma referência do time rubro-negro. E na última partida, marcou o gol que deu o título brasileiro ao Flamengo, tornando-se o novo “Deus da Raça” rubro-negro.

Volantes: Um jogador que se apóia no futebol para superar frustrações e tragédias pessoais, merece destaque. Ainda mais quando é um dos principais jogadores em sua posição. Pierre é um dos principais marcadores do futebol brasileiro e, além das dificuldades pessoais, teve um ano profissionalmente muito complicado. Lesão grave, perda de um título que era tido como ganho, perda de uma classificação a Libertadores dada como certa... Ainda assim, foi destaque do Palmeiras e um dos poucos que, ao manifestar a sua decepção com a performance, merece o crédito e respeito do torcedor palmeirense.
O outro é o argentino Guiñazu. No time das amareladas, foi o único profissional digno de méritos. Dedicado e lutador em campo, foi o único que não chorou pela derrota na Copa do Brasil. Ao contrário, mostrou serenidade ao reconhecer que o Inter perdera para uma equipe que foi superior. As especulações de uma possível ida ao Tricolor, no início deste ano, não apagam o que Guiñazu tem feito desde que veio jogar no futebol brasileiro.

Meias: Diego Souza foi considerado em uma premiação o melhor jogador do campeonato. Óbvio que não o foi e ele mesmo deve reconhecer isso. Entra nessa seleção, pois nenhum jogador representou tão bem o que o Palmeiras foi no campeonato. O Palmeiras liderava e Diego jogava grande futebol. Assim, como o time, parece que não soube lidar bem com o sucesso. Foi a seleção e não repetiu mais as grandes atuações. O Palmeiras, também, não suportou a pressão de ser o grande favorito ao título e fraquejou. Nessas partidas, Diego pouco apareceu e de herói e candidato a ídolo passou a amarelão e mercenário. Por isso, ninguém melhor do que ele encarna a trajetória do Palmeiras nessa temporada.
O outro é aquele que mereceria a honraria de craque do Brasileiro. O sérvio Petkovic foi dado como aposentado e retornava ao ex-time por meio de um acordo para pagamento de gigantesca dívida trabalhista. Parecia que seria mais uma exibição de jogador “aposentado em atividade”. Tudo isso deve ter motivado muito Pet, pois ele jogou muito em partidas contra rivais diretos, especialmente, contra São Paulo e Palmeiras, faria qualquer um desconfiar que se tratava de um jogador de 37 anos, com mais de um ano de inatividade. Foram essas vitórias que fizeram com que o Flamengo se convencesse de que poderia ser campeão. Por isso, foi o jogador mais decisivo para essa conquista.

Atacantes: Dois “medalhões”
O primeiro é Fred. Chegou com pompas de craque e com discurso de retorno a Seleção. A temporada era horrorosa, o futebol pequeno em comparação ao altíssimo salário. Ainda mais em um time dividido em que boa parte dos atletas, que tem contrato com o clube, não recebem em dia. Durante a recuperação de grave lesão muscular, aumentavam os boatos de que Fred era assíduo freqüentador da noite carioca e que padecia de problema semelhante ao enfrentado por Adriano, em Milão. Até surfando, teria sido visto durante a recuperação e com o time segurando a lanterna. Mas... voltou ao time no pior momento possível, praticamente rebaixado e comandou a arrancada tricolor, marcando em praticamente todos os jogos. Conseguiu reverter a imagem e assumiu a condição de líder do elenco.
Forma esse ataque o Imperador. Só por ter simplesmente abandonado aquilo que muitos considerariam um paraíso, em nome da felicidade no mundo que lhe fazia sentido, Adriano mereceria destaque. Mas depois da curtíssima aposentadoria, gozando de todas as regalias, retornou ao time que o projetou, voltou a ser o artilheiro de potente chute com a perna esquerda e foi muito importante na conquista do título brasileiro pelo Flamengo.

Técnico: Poderia ser Andrade, eterno interino que se tornou o primeiro treinador negro a ser Campeão Brasileiro. Mas nenhum treinador viveu tantas emoções como Cuca em 2009. Finalmente campeão com o Flamengo, permaneceu pouco tempo no cargo, sendo praticamente escorraçado por todo o elenco. Para piorar, ele reaparece no praticamente rebaixado Flu. Início pouco promissor, mas aí veio a arrancada com um Flu jogando de forma comovente... Um vice comemorado da Sulamericana, a permanência na Série A. Sem dúvida, essa façanha foi a maior conquista da sua carreira.

Time: Dia 01/11/2009. Último colocado do campeonato enfrenta o time de melhor campanha no segundo turno na sua casa. Estádio cheio. Primeiro tempo 2 x 0 para o time da casa. Podia ter sido 5. O técnico do time que perde, na volta ao segundo tempo, parece desanimado e sem saber o que fazer. Disse que só não esperava ver o time fazer um vexame.
Aquela derrota, há cinco rodadas do final do campeonato, praticamente condenava o Flu ao rebaixamento. Mas aquele jogo simbolizou o que foi a recuperação tricolor. Inesperada, surpreendente, improvável e, acima de tudo, empolgante. Fred marcou dois e liderou a virada diante do Cruzeiro. A partir dali, via-se em campo um time que jogava pelo tudo ou nada. E só ganhou. Garantiu a permanência na Série A, reconquistou a confiança do seu torcedor e teve a torcida de praticamente todos aqueles que são amantes do futebol.
Os campeões do ano foram Corinthians e Flamengo, mas duvido que qualquer um deles tenha sido capaz de suscitar tantas emoções, desafiar tanto o Sobrenatural de Almeida, como o Flu, de Nelson Rodrigues.

Para finalizar...

Personagem do ano no futebol brasileiro: Quem mais poderia ser??? Ronaldo! Por quê?? Porque é Fenômeno e brilhou muito no Coringão... rs