segunda-feira, 26 de abril de 2010

Agora quem dá a bola é o Santos



por Maurício Rodrigues Pinto

Há tempos penso no que escrever e dizer sobre o atual time do Santos. Esbocei algumas linhas depois da vitória do Santos sobre o Corinthians, por 2 a 1. Comparei esse time ao de 2002, que também superou o Timão na final e que revelava dois garotos com status de craques: Robinho e Diego.
Quase oito anos depois, o Santos forma um time que também tem como principais referências dois garotos formados na categoria de base do clube, Neymar e Ganso. Coincidentemente, um atacante driblador e um meia armador clássico.
Em meio a tantas coincidências, um dos grandes diferenciais do time atual está no banco de reservas. Dorival Junior é um treinador muito bom. Em pouco tempo, conseguiu armar um time competitivo, ofensivo, que joga de forma vertical e concilia essas características a um jogo vistoso, alegre. Não sei se a decisão foi consciente, mas diferente de técnicos como Muricy – que mesmo contando com jogadores de qualidade, habituou-se a simplificar ao máximo a forma de jogar de seus times em nome das vitórias –, Dorival mostra que sabe como explorar as características e qualidades dos jogadores que tem a disposição.
Mais do que isso. Reconheceu que Ganso e Neymar são jogadores de nível bem diferenciado, deu a confiança e o respaldo necessários para que os dois jovens assumissem a responsabilidade de serem os líderes do time. Daqueles capazes de transformar e elevar o rendimento de jogadores tidos como medianos.
Mesmo com a chegada do maior ícone do time de 2002, a estrutura manteve-se consolidada e Robinho soube que nesse grupo lhe cabe, no máximo, o papel de (ótimo) coadjuvante.
Em meio a times que fazem um placar e preferem se “poupar”, segurando o resultado conquistado, a versão 2010 dos “Meninos da Vila” busca, a todo o momento, jogar futebol, o que pode ser notado tanto nas derrotas, como nas goleadas. As vezes joga tanto que a preocupação do adversário limita-se em tentar frear o volume da equipe santista. A cada gol marcado, a cada drible, jogada ofensiva, o Santos faz desabar a confiança de adversários.
O placar de 3 a 0 refletiu a diferença que existe no momento entre os times de Santos e São Paulo. Os gols saíram apenas no 2º tempo, mas durante todo o jogo, a equipe santista jogou buscando não só a vitória. Não se conformou com a vitória já garantida. Seguiu pressionando, seguiu marcando, seguiu buscando gols, enfim, seguiu jogando futebol.
No cenário atual marcado pelos discursos de “especialistas da bola” sobre o condicionamento físico dos jogadores, rodízios, esquemas táticos, entrosamento do time, planejamento para a temporada, profissionalismo em campo, a principal contribuição desse time do Santos dá ao atual futebol brasileiro é a de colocar em xeque alguns desses “mitos”. É fazer do futebol um jogo alegre (e porque não, irreverente), jogado de forma intensa durante os seus 90 minutos. A forma de jogar a qual o brasileiro estava quase se desacostumando. Mas que, infelizmente, não será o que veremos na África do Sul, representando as cores brasileiras.

Ps.: Para mim, que não sou torcedor santista, a conquista de títulos tem muito pouco peso nessa minha análise. Na minha opinião, esse Santos já deixou o seu legado para o futebol brasileiro. Exceto os lances proporcionados pela dupla Romário e Bebeto, o gol de falta de Branco e a decisão por pênaltis na final, será que é possível lembrar de muitos momentos marcantes da Seleção em sua campanha na conquista da Copa de 1994? E porque será que lances e lances da seleção de 1982 povoam até hoje o imaginário, mesmo daqueles que não viveram ou viram aquela Copa?

Ps. 2: O texto foi redigido no sábado, mas estou o postando na segunda, depois da primeira partida da final entre Santos e Santo André. Não vi o jogo, mas posso afirmar uma coisa: o Ganso é craque! Diferenças a parte, ele me lembra o Zidane, na capacidade de faz lances geniais, como se não fizesse muito esforço, com uma simplicidade absurda. No primeiro gol, ele supera três adversários sem dar um drible sequer e coloca a bola na cabeça de André.

3 comentários:

  1. Maurício,

    Concordo com você. Apenas não sei o que teria acontecido com esse time se os grandes não disputassem o campeonato paulista que disputaram, pois o Santos se mostrou muito frágil na parte defensiva.

    Uma provocação: onde fica o centenário Corinthians nessa história? hehe

    Abraço.

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  2. agora quem da bola é o Santos!
    http://www.semprepeixe.com.br/agora_quem_da_bola_e_o_santos-videos_do_santos_f_c-ivipo-368609.htm

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  3. "agora quem da bola é o santos" é muito mais do que um trecho do histórico hino do peixe... é realmente a comprovação de que temos o melhor e maior clube do brasil. que deu e sempre dará a orientação da bola no futebol nacional.

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