terça-feira, 4 de maio de 2010

Mais Corinthians


por Felipe Carrilho

Ontem, por uma questão profissional, eu estava revirando ainda mais o caos do meu armário, à procura de alguns documentos, quando encontrei certo recorte de jornal. Tratava-se de um artigo de autoria de José Geraldo Couto datado de 2006, que comentava a heroica vitória do Corinthians sobre o Universidad Católica do Chile pela Libertadores daquele mesmo ano.

Para quem não se recorda, foi um jogo absolutamente épico: O Corinthians sofreu um gol irregular no começo do jogo, virou ainda no primeiro tempo, mas cedeu o empate. Depois do intervalo, teve dois jogadores expulsos, mas, ainda assim, reuniu forças para vencer a partida com um belíssimo gol no final.

No dia seguinte, ao acompanhar a cobertura dos jornais, recortei e arquivei, emocionado, o artigo, que me pareceu, à época, traduzir muito bem a alma corinthiana. Quatro anos depois, uma leitura mais distanciada e fria confirmou aquelas impressões originais e, às vésperas do jogo decisivo contra o Flamengo, considero importante recuperar algumas daquelas reflexões, que seguem:

Poucas vezes um time de futebol esteve tão adequadamente à altura de sua mística.

Um time ao mesmo tempo poderoso e vulnerável, como um boxeador que sempre perde ou ganha por nocaute. A vitória por pontos é para os seguros, os frios, os comedidos. Para o bem ou para o mal, o Corinthians é puro fogo.

O conforto na tabela, o torneio vencido com rodadas de antecipação, a campanha mais regular – a vida fácil, em suma – são coisas que não combinam com o caráter do Corinthians, pelo menos do Corinthians forjado na ‘longa fila’ de 1954 a 1977.

No jogo de amanhã, temos de retomar a verdadeira mística corinthiana, pois não perdemos a primeira partida porque fomos “puro fogo”, ou porque o time esteve “ao mesmo tempo poderoso e vulnerável”. Fomos derrotados por excesso de frieza e comedimento, reféns de um pragmatismo doentio e nada corinthiano.

O planejamento é algo importante no futebol, sem dúvidas. Ele deve falar mais alto na hora de contratar jogadores, de cuidar da preparação física, estabelecer horários e estratégias de treinamento, elaborar um esquema de jogo adequado etc. Porém, quando se entra em campo, é hora de colocar tudo isso em prática com o coração!

Como se sabe, o futebol, mais do que qualquer outro esporte, é o espaço privilegiado do acaso, da contingência. Não será imperdoável perder amanhã. Será imperdoável perder sem ser Corinthians! É preciso retomar o espírito da várzea, onde o Corinthians começou a revolucionar o futebol brasileiro. É necessário jogar como jogamos em 1976, 77, 90, com o espírito guerreiro de São Jorge e de Ogum. Sejamos mais corinthianos amanhã e venceremos!

VAI CORINTHIANS!!!

2 comentários:

  1. Puxa, Felipe. Perfeito o texto!
    Você descreveu exatamente o que senti ao ver o primeiro jogo. Um time frio, apático, que optou por não arriscar em nenhum momento, mesmo tendo (teoricamente) um jogador a mais. Um time que mereceu perder.
    Esse é o Corinthians que vejo nessa Libertadores. Um time sem paixão e acomodado. E não é esse o Corinthians que quero ver amanhã. Espero ver um time que corresponda as tradições corinthianas, como vi, em lampejos, diante de Palmeiras e São Paulo.
    É esse Corinthians, verdadeiramente corithiano que me faz acreditar na virada, na classificação. Amanhã, estaremos todos juntos. Vai pra cima, Timão!!!

    Ps: Mano Menezes, colabore!! Ficou mais do que claro que você tem de retomar o esquema com três atacantes. Precisamos atacar, agredir o Flamengo. Põe o Jorge Henrique amanhã!!!

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  2. Maurício,

    Concordo com a volta do Jorge Henrique. Até porque o Mano está escalando o Danilo como ponta-esquerda, não como armador. Então é melhor colocar o Jorge por ali, que joga muito mais.

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