domingo, 21 de março de 2010

Alô, alô! No ar a Rádio Coringão!*


por Felipe Carrilho

Quem estava acostumado a assistir às demonstrações de fidelidade da torcida do Corinthians nos estádios do Brasil talvez não imaginasse que essa devoção poderia extrapolar as arquibancadas. Mas os torcedores corintianos foram os responsáveis pelo surgimento da Rádio Coringão, o único veículo oficial via internet entre os três principais clubes da capital paulista: Corinthians, Palmeiras e São Paulo.

Localizada no bairro do Tatuapé – zona leste da cidade –, na rua Vargem Grande, 32, a Rádio Coringão possui uma equipe de quinze pessoas, entre profissionais e colaboradores fixos. São apresentadores, comentaristas, repórteres e até humoristas, todos dispostos a seguir bem de perto os passos do Timão. O seu endereço eletrônico é www.radiocoringao.com.br.

A página oficial do Corinthians na internet (www.corinthians.com.br) também disponibiliza um link para a Rádio Coringão. A associação com o clube paulista é o grande trunfo da web rádio e garante a sua popularidade. Com 6,1 milhões de acessos ao ano, o site do Corinthians está entre as 20 páginas de clubes mais acessadas do mundo, segundo o Futebol Finance (um site voltado para as finanças do futebol). Em atividade desde dezembro de 2009, a Rádio Coringão já alcançou a média de 15 mil ouvintes por dia. Os picos de audiência são registrados durante as transmissões dos jogos e na programação das 20h30 e podem chegar a 25 mil ouvintes.

Para se ter uma ideia da difusão da emissora corintiana, em 2009, a Rádio Globo divulgou o seu próprio recorde de audiência on line: 53 mil ouvintes, durante um jogo da Copa Libertadores. Levando-se em conta o poder de propagação da emissora carioca – que disponibiliza links no site Globoesporte.com e faz chamadas e atualizações via Twitter – é possível perceber que a diferença entre a sua audiência e a da jovem rádio corintiana não é tão grande assim.

Esse empreendimento começou quando o jornalista Ricardo Taves cansou-se dos problemas técnicos de uma web rádio corintiana não oficial em que trabalhava e resolveu contratar um provedor, criando a Rádio Coringão. Na sequência, alguns corintianos como Douglas Stephens, Lessandro Vendrami, Eric Rodrigo e Ginaldo de Vasconcelos Filho juntaram-se ao projeto e cederam as suas economias para a compra dos equipamentos necessários a uma transmissão profissional via internet.

“Já com a estrutura montada, transmitindo jogos e com uma programação completa, conversei com o doutor Sergio Alvarenga, diretor jurídico do Corinthians, que nos colocou em contato com o Departamento de Marketing. Marcamos uma reunião com Alex Watanabe, que gostou do projeto. Apresentamos, novamente, para Caio Campos e Luis Paulo Rosemberg. Pronto. Estava firmada a parceria e nascia a Rádio Coringão”, relata Ginaldo de Vasconcelos Filho, engenheiro formado pela Escola Politécnica, sócio da web rádio e um de seus apresentadores.

Em troca do uso de seu nome, o Corinthians recebe da rádio parte dos rendimentos obtidos com os patrocinadores. A Rádio Coringão está no ar 24 horas e possui uma programação bastante abrangente. Debates sobre a rodada do fim de semana, bastidores do clube e entrevistas com personalidades são os elementos que, combinados com criatividade e muito “corintianismo”, compõem a grade fixa de programas do veículo.

A história dos grandes feitos do Corinthians dentro das quatro linhas – com narrações de época de jogos memoráveis e homenagens a jogadores do passado – fica sob a responsabilidade do programa Apenas Corinthians, comandado pelo apresentador Eric Rodrigo e pelos comentaristas André Rubio, Fabio Gomes e Ginaldo.

Fruto do esforço coletivo de alguns torcedores, a Rádio Coringão encontra um terreno fértil para crescer e alcançar ainda mais ouvintes em 2010. No ano do seu centenário, o Corinthians disputa a tão almejada Copa Libertadores da América, contando com um grande elenco e craques midiáticos como Roberto Carlos e Ronaldo. “Eu assisti, em campo, as últimas cinco eliminações do Corinthians na Libertadores, mas me considero pé-quente mesmo assim, pois me lembro de pelo menos onze títulos que presenciei nos estádios. O meu lema de torcedor se mistura com o da rádio: ‘Com o Corinthians onde ele estiver’”, vibra Ginaldo.

* Texto publicado na edição de 19/03/2010 do jornal Diário do Comércio.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Relembrando 2002...



por Maurício Rodrigues Pinto

Ontem, vendo o jogo Corinthians e Santos, me senti voltando no tempo. Era como se estivesse em 2002, vendo um dos confrontos entre Corinthians e Santos.
Só para recordar, no segundo semestre de 2002, Corinthians e Santos jogaram quatro vezes. O Santos venceu as quatro com franca superioridade. O Corinthians, no primeiro semestre de 2002, havia ganhado os títulos do Rio-São Paulo e Copa do Brasil e contava com a mesma base para a disputa do Brasileiro. Era tido como o melhor time do Brasil do momento. O Santos havia demitido Celso Roth e contratado o técnico Leão com a incumbência de formar um que contava com atletas “renegados” e apostas da categoria de base.
Antes do Brasileiro, em um amistoso na Vila Belmiro, o Santos ganhou do Corinthians por 3 a 1. Lembro que foi o último jogo do Ricardinho pelo Corinthians, antes da sua transferência para o São Paulo. Mas o mais relevante daquele jogo que ali se esboçava o time comandado pelos “meninos da Vila” Diego e Robinho – naquela época Diego, um ano mais jovem, tinha muito mais cartaz.
O resto dessa história é muito bem conhecido por todos e teve como momento ápice as pedaladas de Robinho ante um perdido Rogério (é curioso pensar que esse lance marcou tanto Rogério, que ele nunca mais conseguiu jogar em alto nível).
Pois bem, vendo o jogo de ontem reportei-me para 2002. O Santos, time insinuante, de vocação ofensiva e futebol vertical, novamente, liderado por meninos. Ganso e Neymar, as jovens promessas santistas do momento, são craques muito bem assistidos por jogadores medianos. Exemplo disso, ontem, a bela partida de Marquinhos. O Corinthians, equipe experiente, que, esse ano, pratica um futebol mais baseado na posse e troca de bolas. Nos dois jogos que o time tinha feito este ano (sim, efetivamente o Corinthians só jogou esse ano contra Palmeiras e Racing), jogou dessa forma. Mas ontem a forma de jogar corinthiana não se impôs ao futebol santista.
O Santos nem fez a sua melhor partida, não mostrou o futebol deslumbrante de outras partidas. Mas parece ser um time que consegue aliar a magia à competitividade. Neymar, parecia ter murchado com o pênalti perdido, mas foi preciso ao converter o primeiro gol (matada no peito e conclusão perfeitas) e ao dar assistência para André fazer o segundo - outro jovem da base que joga ótimo futebol. Ganso, se não foi brilhante, mostra ser um senhor jogador, conseguindo fazer bem todas as funções do meio-campo santista.
O time do Corinthians, durante boa parte do jogo, parecia perdido, com os nervos a flor da pele. Por mais que a atuação do juiz tenha sido ruim, impedindo que o jogo fluísse, o descontrole e as reclamações foram exageradas. Fico com a impressão de que tal destempero foi motivado muito mais pela incapacidade de conseguir conter o futebol santista. Deve ser ressaltado o bom futebol jogado por Dentinho, as defesas de Felipe e o brio da equipe que, em momento algum, desistiu ou deixou de lutar. Tanto que, com dois a menos, teve chance claríssima de empatar, mas Tcheco foi (muiiiito) infeliz na conclusão.
É muito provável que outros confrontos importantes entre essas duas equipes aconteçam em 2010. A minha expectativa é de que as semelhanças com 2002 desapareçam nos próximos confrontos. Mas confesso um certo alívio por ver que este Santos não disputa a Libertadores deste ano...