quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Acorda, Corinthians!

por Felipe Carrilho

Corinthians e Fluminense fizeram, como não era difícil de prever, um jogo muito fraco, que resultou num melancólico placar de 1 a 1.

O Corinthians sofreu o primeiro gol numa cobrança de escanteio logo no início da partida, e o Fluminense, por alguns minutos, deu a impressão de que faria uma boa partida finalmente. Mas ainda no primeiro tempo o Corinthians empatou com Dentinho (que comemorou timidamente o gol) e passou a dominar o adversário. No segundo tempo, o Corinthians limitou-se a administrar o resultado, mostrando-se nitidamente satisfeito com o placar medíocre.

Depois da partida, como todos podem ler nos noticiários esportivos, Mano Menezes mostrou-se muito irritado e, pela primeira vez à frente do Corinthians, fez veementes críticas públicas aos jogadores, acusando-os de jogar de "barriga cheia", sem empenho, "pensando em 2010".

A atitude de Mano tem duas facetas. A primeira é a mais sincera, que constata, de fato, um relaxamento exagerado do elenco, após as conquistas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil. Declarações de Ronaldo, depois da derrota por goleada para o Goiás, e a quase ausência de comemoração por parte de Dentinho no gol de ontem são indícios incontestáveis dessa realidade e justificaram, sem dúvida, a atitude do treinador.

A consistência da constatação de Mano, no entanto, não pode encobrir um outro lado mais grave dessa história e que foi habilmente disfarçado pelo discurso do técnico: O Corinthians não tem mais padrão de jogo!

Não gosto de evocar o episódio que foi classificado por muitos como "desmanche", com as vendas de Cristian, André Santos e Douglas para o futebol exterior. Só o faço agora para apontar o fato de que a diretoria do Corinthians não soube "repor as peças", para usar uma terminologia produtivista, tão apropriada para o futebol contemporâneo e que o Mano ainda não encontrou um esquema tático para o novo time.

Cristian era a alma de nosso meio campo, o mais corinthiano de nossos jogadores, com seu estilo técnico e aguerrido, e foi substituído por Marcelo Mattos, que nem no auge de sua carreira jogava a metade do futebol do meio-campista vendido.

André Santos saiu do Corinthians para atuar no futebol turco e hoje é o dono da camisa 6 da seleção brasileira que disputará a Copa no ano que vem. Para o seu lugar, temos o bom e sempre machucado Marcelo Oliveira, o improvisado e mal sucedido Marcinho, o limitado zagueiro Diego. Ontem jogou Balbuena, numa espécie de improviso do improviso.

Douglas, muito importante na campanha da Série B, foi marcado para sempre pelos "Ronaldomaníacos" depois de arriscar um chute ao invés de passar a bola ao galáctico atacante. Hoje, sua ausência é lamentada diante do começo nada animador dos badalados Edno e, principalmente DeFederico, que pode vir, é verdade, a ser um grande jogador...

Mas o problema é que episódios como a contratação midiática do argentino juvenil e os rumores intermináveis de uma possível vinda de Riquelme colocam o planejamento do Corinthians em jogo. Qual o caminho que estamos escolhendo para chegar à esperada Libertadores do centenário? Lamento dizer isso, mas a direção corintiana de hoje lembra a dos sombrios tempos da MSI, ao colocar o marketing acima do futebol, apostando em projetos megalomaníacos, pagos com o retalhamento do manto sagrado e com a extorsão do corinthiano, vitimado por uma lógica elitista aplicada na administração de nosso futebol.

O grande time que o Corinthians tinha até alguns meses atrás foi construído lentamente, levando mais de um ano para atingir o ápice de seu desempenho. Parece que isso foi esquecido... A contratação de Ronaldo coroou um projeto forjado num dia a dia de muita dedicação, entre erros e acertos, que culminou num estilo de jogo coletivo e libertário, como assinalamos depois da partida do primeiro turno do Brasileirão contra o próprio Fluminense.

O Corinthians precisa acordar, a nação corinthiana necessita ver o que realmente está acontecendo! É preciso ir além da mera cornetagem para que o Corinthians possa retomar o seu rumo a tempo e para que 2010 não seja uma tragédia anunciada.

2 comentários:

  1. Já que a cornetagem tá liberada, acho que o Mano teve culpa em outro momento do campeonato, quando afirmou que não disputava mais o título após a derrota contra o Flamengo. Depois daquilo, tivemos várias chances de chegar no topo da tabela, mas talvez por conformismo, tiraram o pé. Vide o empate contra o Botafogo, Barueri, Bambis e ontem. Aquela declaração pode até ter tido a intenção de provocar positivamente o elenco, mas não pode ser feita publicamente. Aliás, ele anda mexendo errado no time, coisa que dificilmente fazia no primeiro semestre. E o Gordo tem o poder de contagiar o elenco, pra cima e pra baixo, como vem fazendo ultimamente.
    Mas ainda temos uma missão clara para esse campeonato: ganhar do Palmeiras, para chegar com moral em 2010.

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  2. Concordo com o ganhar do Palmeiras...arquirival...afinal são 3 anos...né.
    saudações corinthianas!
    abraços

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