terça-feira, 12 de maio de 2009

Por uma diretoria corintiana


por Felipe Carrilho

Segue, abaixo, uma lista de preços de ingressos para assistir aos jogos do Corinthians, de acordo com cada setor, retirada do site oficial do clube:

Arquibancada Pt Principal
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Arquibancada Amarela Pt 3
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Arquibancada Pt 21
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Tobogã
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)

Cadeira Especial Laranja
R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

Numerada descoberta
R$150,00 (inteira) / R$ 75,00 (meia)

Área VIP Corinthians
R$ 250,00 (inteira) / R$ 125,00 (meia)

Arquibancada Pt 22 - Visitante
R$ 30,00 (inteira) / R$ 15,00 (meia)
(grifos meus)

Quem frequenta o Pacaembu pode perceber, pela análise desta vil tabela de preços, que o setor especial laranja passou, em pouco tempo, do preço de R$ 40 a R$ 70 e, finalmente, aos extorsivos R$ 100, num aumento de 150%!!!

Além disso, os ingressos mais "baratos" (R$ 30) referem-se aos setores de visão e condições de acesso mais precárias. Quem já assistiu a um jogo do Corinthians do "tobogã", por exemplo, sabe que, apesar da empolgação dos torcedores, é uma batalha para conseguir entrar no estádio, as arquibancadas ficam atrás do gol e longe do campo, além de o setor estar sempre superlotado.

Como Renato Godoy mostrou, no texto abaixo, a majoração nos preços dos ingressos, por parte da diretoria do Corinthians, está intimamente relacionada a um processo de elitização do futebol desencadeado em nível federal, como preparativo para a Copa do Mundo de 2014.

Na direção do Corinthians, Luis Paulo Rosemberg e Mário Gobbi mostram-se muito afinados com tal política. Para o primeiro, "ou cobramos o preço que equilibra oferta e procura ou teremos filas, cambistas e violência". Já Gobbi é mais direto, beirando o cinismo: "O ingresso está caro? Está barato. Aliás, está muito barato. O futebol é muito caro".

O que se pode notar pela análise das declarações dos dirigentes corintianos é a adequação da política do clube a uma lógica econômica perversa, que considera o Corinthians uma empresa ("preço que equilibra oferta e procura...") e condiciona a solução de problemas sociais ao implemento de uma gestão eficiente ("...ou teremos filas, cambistas e violência").

É lamentável que a diretoria do Corinthians pense desta maneira, pois não há nada menos corintiano do que a fria racionalidade do capital. O Corinthians construiu a sua identidade relacionando-se com os setores marginalizados de nossa sociedade e, por isso, representa simbolicamente a resistência destes.

Além disso, não podemos nos esquecer que foi durante o período de 23 anos "de fila" que a torcida do Corinthians mais cresceu. Fatos como este distanciam o corintiano da ideia de "consumidor de futebol", pois mostram que a lógica de sua existência é a da paixão incondicional e da dedicação gratuita.

Assim, a atual diretoria, ao priorizar a conquista de títulos à custa da retalhação de nosso manto sagrado por bancos e multinacionais e da espoliação da nação corintiana, atua como uma espécie de negativo da alma do clube.

3 comentários:

  1. Perfeito, bicho. Estamos com um patamar de preços ridículos e a diretoria adota cada vez mais um discurso que até então era restrito ao time do choque de gestão, da eficiência...Patético, dá vergonha. Agora, se justificaram, como têm feito, falando que é caro manter Ronaldo, criarei a campanha "Volta, Finazzi!" - com exagero e tudo.

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  2. Sempre me preocupei com esse excesso de marketing no Timão. É ótimo ter Ronaldo jogando por nós? Claro que é, mas, nos bem lembrados 23 anos sem títulos de expressão, a torcida cresceu como nenhuma outra. O Corinthians traz a marca da paixão. O marketing excessivo pode apagar essa paixão, formando uma geração de torcedores frios, quase robóticos. Parabéns Irmão, mais um show de consciência e competência.

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  3. Muito obrigado, Irmão. Você sabe que consciência e competência são atributos dos negros, como nós. rsrs

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