sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma passadinha pela final do Carioca: inspiração direto da Torre da Barão



por Maurício Rodrigues Pinto

Essa é a minha primeira contribuição ao blog. Passei um tempo pensando sobre o que iria escrever e encontrei alguma inspiração na minha estada no Rio de Janeiro. Passei, justamente, o fim de semana no qual acontecia aquela que seria a primeira das três decisões entre Flamengo e Botafogo.

Era visível que o Rio era uma cidade em clima de decisão. Muita gente nas ruas e na praia ostentando as suas camisas de Botafogo e, em número muito maior, de Flamengo. Curti um domingo tipicamente carioca: praia de Ipanema com direito a sol, calor, areia fofa e mate com limão gelado (delícia!!!). Para completar esse domingo, almoço regado a chopes (no Rio, por melhor que sejam, não passam de razoáveis) e caipirinha (essa, sim, muito bem preparada) e acompanhando a final da Taça Rio, entre inúmeros flamenguistas e um botafoguense assumido.

O jogo não foi lá grande coisa, mas venceu quem sempre buscou o jogo. O Bota, que podia ser campeão naquele jogo, adotou uma tática conservadora e optou por jogar nos erros do adversário. Quase deu certo no 1º tempo, pois o sistema defensivo do Flamengo ofereceu duas chances claras de gol ao Botafogo, desperdiçadas por Victor Simões (de forma bisonha) e por Maicossuel (chute na trave).

O Fla foi o time que, se não fez um bom jogo, ao menos mostrou que estava disposto a jogar. Teve maior posse de bola, maior volume de jogo, mas esbarrava nas suas limitações ofensivas. Basta dizer que os atacantes do Mengo são Emerson (!?), Josiel e Obina - hoje, segundo reserva.
No segundo tempo, o Rubro-Negro, de forma desordenada e esbarrando na ineficiência do ataque, aumentou a pressão e procurou mais a vitória e o Bota foi ainda menos ousado, pois nem mesmo conseguia contra-atacar.
Diante deste cenário, o gol só podia ter acontecido da maneira como aconteceu. Falta a favor do Fla próxima a grande área, bola lançada na área, o zagueiro Ronaldo Angelim desvia de cabeça e Emerson (não o atacante do Fla e, sim, o zagueiro do Botafogo) chuta para o gol. 1 x 0 e placar final. Flamengo campeão da Taça Rio e mais dois jogos para se decidir quem será o Campeão Carioca de 2009.

A terceira final consecutiva entre Botafogo e Flamengo. O Flamengo tentando o tri, mas tendo no banco o homem que foi derrotado nas duas finais anteriores, o técnico Cuca. Essa final tem uma peculiaridade das mais interessantes. Coloca em lados opostos criador versus criatura. Cuca ainda tem forte identificação com o Botafogo, time que se notabilizou pelo jogo ofensivo e pelo futebol bonito, mas que ficou ainda mais famoso pelas derrotas (popularmente, amareladas) nos momentos decisivos.

Cuca e o Botafogo guardam traumas e, possivelmente, alguns temores, mas também querem - e precisam - provar que podem ser vencedores.
Mantida a igualdade no primeiro jogo, mesmo com o desfalque de Maicossuel (o improvável craque do Botafogo e do campeonato), em uma final marcada por um duelo entre "amarelões", é impossível dizer quem, no próximo domingo, finalmente poderá extravasar a frustração pelos fracassos recentes e soltar o grito de "É CAMPEÃO!!!!".

Ps.1: Cuca tem muito mais a perder do que o Botafogo. Existe o bordão "Coisas que só acontecem com o Botafogo" e, entre os grandes cariocas, é o time menos vencedor. Por outro lado, quem pode contar com personagens como Garrincha, Nilton Santos, Didi, entre outros, sempre terá uma bela história no futebol.

Cuca é um treinador conhecido por formar times que sabem jogar de forma ofensiva, mas que não sabe lidar com a pressão das decisões e sempre se abate nas derrotas. Até o momento nunca conquistou um título e a cada derrota em final, tem o seu trabalho cada vez mais contestado. O seu Flamengo, diferente dos outros times que formou, não tem jogado um belo futebol, mas mais uma derrota poderia enterrar definitivamente a carreira de um treinador que tem o mérito de ser um dos poucos a optar por uma forma de jogar baseada na ofensividade ou pelo tomar a iniciativa do jogo.

Ps. 2: No dia decisão, a única camisa de time que vi, além de Botafogo e Flamengo, foi, curiosamente, a do Corinthians. Foram 3 pessoas usando camisas do Corinthians. Para mim, pareceu-me um dado muito significativo. Por mais corinthiano que seja esse blog, esse dado foi comprovado por uma são-paulina que naquele mesmo dia, saiu da Torre da Barão levemente insatisfeita...

Um comentário:

  1. Inveja de vocês lá no Rio...
    Por acaso, a são-paulina em questão não seria a namorada do autor do texto??! E o motivo de sua leve chateação não seia o resultado de um clássico que ocorria por aqui, simultaneamente ao do campeonato carioca? hahaha

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