quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pacaembu e Fiel, festa completa

Por Renato Godoy


Desde as imediações do Pacaembu, percebia-se o clima de festa. Festa essa que se acentuou com as notícias que chegavam de Montevidéu. Quando o Corinthians entrou em campo, uma sequência ensurdecedora de fogos de artifício e um belo espetáculo de luzes, sinalizadores e papel picado. Faltaram as bandeiras, há tanto tempo proibidas de forma estúpida nos estádios paulistas.

Quanto ao jogo, São Jorge parece ter atendido às preces do Felipe e iluminou Mano Menezes na escolha do substituto de André Santos. Isto porque Marcelo Oliveira fez excelente partida, corrigindo a principal deficiência que o time encontrou na segunda semifinal contra o Vasco: a saída de bola pela esquerda.

Marcelo esteve bem no apoio e nos desarmes precisos na defesa. É verdade que nos minutos iniciais apresentou uma certa insegurança, que veio abaixo após sua participação na bela jogada que resultou no primeiro gol.

Jorge Henrique fez por merecer ter anotado o primeiro tento alvinegro. Em jogada pelo meio, acionou brilhantemente Marcelo Oliveira pela esquerda, décimos de segundo antes do que seria um desarme. O lateral esquerdo corinthiano viu Jorge surgir na entrada da área, sem marcação – que estava atenta a Ronaldo e Dentinho, mais à frente.

1x0 e festa mais acentuada no Pacaembu, com o maior público do ano, 37 mil, tal como a renda, 1,8 milhões – impulsionada pela carestia dos ingressos, alvo de protesto no intervalo do jogo.

“O resultado já é bom”, diziam alguns, eu incluso.

Ronaldo parecia estar melhor do que nas últimas apresentações. Sobretudo quando jogava mais recuado, apresentando-se como um bom meia, invertendo bolas e fazendo lançamentos que caberiam a Douglas – novamente em noite pouco inspirada.

Uma boa discussão para travar em boteco seria: o seu chute defendido por Lauro no primeiro tempo foi um gol perdido ou uma grande defesa? Fico com a segunda hipótese, apesar de acreditar que se sua forma estivesse melhor, chegaria um pouco antes, podendo concluir com mais clareza.

O Corinthians voltou o mesmo para o segundo tempo. Em lance falsamente polêmico, Elias lançou Ronaldo, que fez jus ao nome e cortou Índio e de pé esquerdo – um de seus melhores pés – colocou entre Lauro e a trave. Mais festa.

A partir daí, o jogo é de Felipe. Na falta cobrada por Andrezinho, o corinthiano pessimista, eu incluso, lembrou do lance contra o Flamengo, há algumas semanas. Mas aqui é Felipe, não Bruno. Bela defesa.

No lance mais difícil do jogo, Taison fica de cara pro gol, tenta tirar de Felipe, em vão. Agachado, Felipe faz a defesa da partida.

Já no fim do jogo, Guiñazu entra sozinho na área e desfere forte chute. Felipe põe para escanteio. Ainda é cedo, eu sei. Mas aquele que virou vilão no ano passado, começa a ganhar a aura de ídolo.

Ressalto o mérito de Mano Menezes na recuperação do nosso camisa 1. Não podemos esquecer que quando Felipe vinha numa fase repleta de falhas, que culminou com a derrota para o Sport, o treinador o afastou da titularidade, para evitar a pressão, e o reintegrou em seguida.



Cautela e ousadia

Mesmo com um resultado muito bom, o exemplo de 2008 tem que estar presente. É jogar sem medo. Até porque um gol em Porto Alegre exige 4 deles. O time deles não é qualquer coisa, mas quem tem que temer algo são eles.

O corinthiano mais otimista, eu incluso, acreditava que os dois gols e a expulsão do descontrolado Leandrão diminuiriam o ímpeto do time do sul. Ledo engano. Ainda que o Timão tenha controlado a maior parte do certame, o Internacional não deixou de buscar o temível gol fora de casa em momento algum.

Aliás, vale um parênteses para falar sobre esse garoto Taison. Infernal, habilidoso e veloz. Perigo constante para a zaga corinthiana. Talvez seja mais imprescindível do que Nilmar, para a equipe de vermelho. Apesar de esses prêmios de federação serem meio suspeitos, é simbólico que em seu primeiro estadual tenha faturado os prêmios de artilheiro, revelação e melhor do campeonato. Enfim, que esteja menos inspirado no dia 1º de julho!

6 comentários:

  1. Se eles perderem hoje, e pra nóis no domingo...crise devastadora. Ou o começo do fim.

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  2. É possível uma semana melhor para nós? O Timão venceu bem, jogou bem, deu um grande passo para o título da Copa do Brasil, e o Palmeiras e o São Paulo são eliminados da Libertadores em dois dias seguidos? É bom demais... Se o Corinthians ganhar domingo, então, melhor é impossível!

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  4. Fazia tempo que não marcava presença por aqui. Queria só fazer alguns comentários sobre o texto e compartilhar um pouco do que vi - e senti - do jogo:

    1 - Bela análise sobre a atuação do Marcelo Oliveira! Início nervoso, com erros de passe e na marcação, hesitação no apoio. Mas após os 20 minutos, o cara mostrou muita personalidade e compensou muito bem a ausência do André Santos. Será uma jogador muito importante para a campanha corinthana, tanto na ala como no apoio ao meio-campo. Aliás, Marcelo Oliveira tem uma trajetória de superação, no mínimo, comparável a do Fênomeno, pois foram 4 cirurgias no intervalo de 2 anos e o risco de amputação da perna por infecção hospitalar. Quanta coisa deve ter sentido no momento em que viu que o seu esforço para evitar a saída da bola e fazer a assistência ao Jorge Henrique resultar em gol e explosão do Pacaembu!

    2 - Ele, o Fênomeno, é um jogador para grandes jogos. Sabe muito bem o jogo que requer maior intensidade, no qual ele precisa mostrar o seu potencial de decisão. Ele é craque, ou melhor, Ele é um Fenômeno.

    3 - Perfeita a forma como Mano armou o time. Sofreu alguma pressão do Inter, mas, sempre o Corinthians mostrou-se um time seguro. Após a expulsão do Leandrão, o volume de jogo do time voltou a crescer e a vantagem poderia ter sido maior.

    4 - Que jogador esse Taison. Houve momentos em que pensei que ele pudesse ser o que o Robinho foi em 2002. Aproveitando-se que Chicão estava pendurado, ele partiu pra cima da defesa corinthiana e passou como quis na maioria das vezes. A sorte é que não teve companheiros a sua altura. Tem potencial para ser um dos melhores atacantes do país.

    5 - Apesar de Taison, a volta de Nilmar e D'Alessandro, estou confiante no título. O Corinthians parece-me um time mais estável e maduro que o Inter.
    Aliás, estou com a sensação que, assim como em 1995, o título vem com vitória no Sul... rs

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