quinta-feira, 12 de março de 2009

Corinthians de Ronaldo, ou Ronaldo do Corinthians?

por Renato Godoy

Com o gol de cabeça que salvou o Corinthians de uma derrota para o maior rival, Ronaldo voltou às manchetes por sua atuação dentro de campo. Com isso, os meios de comunicação trataram de reeditar a “Ronaldomania”, termo quase esdrúxulo cunhado por alguns comentaristas na fase áurea do jogador.

Foi nesse clima que boa parte da torcida compareceu ao Pacaembu para ver o Fenômeno pela primeira vez na casa do Corinthians. É inegável que, para além do jogo do Corinthians, o principal atrativo era o camisa 9. No entanto, colocar a importância do craque sobre o Corinthians, não corresponde com a atitude usual que esta torcida adota: apoiar o time antes de qualquer coisa.

De onde assisti o jogo, na arquibancada laranja, pude observar um interessante “duelo”. Quando o placar passou a anunciar a escalação, as organizadas passaram a gritar mais forte (“Corinthians, Corinthians”), prevendo a reação que o restante do estádio teria com o nome de Ronaldo proferido pelo serviço de som do Paulo Machado de Carvalho. Em vão. O estádio veio abaixo quando o rosto do camisa 9 foi estampado no telão.

Quanto a isso, creio que seja uma reação natural e válida, já que há anos não tínhamos uma contratação desta importância. Ronaldo, não há como negar, é um ídolo nacional. Mas o que considerei um equívoco foi a ânsia com que a torcida do setor xingava jogadores que não passavam a bola para o atacante célebre. Mesmo quando não havia condições de realizar um passe para ele. “Toca pra ele, 6!”, dizia um que não conhecia o nosso volante Christian.

E o time, ao que me parece, cedia a essa histeria, direcionando a bola ao atacante a todo o tempo na primeira etapa.

Soma-se a isso a intolerância de boa parte da torcida com relação a Douglas, que ainda sofre as consequências da fome em Itumbiara. Mas cornetar o camisa 10 é um comportamento injusto e nefasto já que o meia corinthiano vem apresentando lampejos daquele futebol do ano passado. Douglas tem talento e sabe chutar, como já demonstrou, portanto não cabe a ele o mero papel de garçom, como querem alguns. Espero que as poucas vaias não o inibam.

Outro fator que me causou estranheza foi a presença de pessoas com camisetas de clubes em que Ronaldo atuou como Milan de Berlusconi e o Real Madrid dos franquistas, equipes sem qualquer identificação com o Corinthians.

Enfim, o jogo
Antes de completar um minuto de partida, a bola chegou aos pés de Ronaldo que chutou forte da entrada da grande área. O goleiro Luís espalmou. Parecia que seria uma noite infernal de Ronaldo. Entretanto, o atacante perdeu algumas bolas e desperdiçou um gol, como não é de seu feitio.

Aos 7 minutos, em tabela com André Santos, Ronaldo ficou livre para marcar. “Agora ele dá aquela cavadinha e pronto”, pensei. Nada. Chute fraco e rasteiro nas mãos do arqueiro do São Caetano. Como de costume, a equipe do ABC começou a dar trabalho ao Corinthians e tomou as rédeas do jogo. Até que aos 21, Marcelo cabeceou para dentro da meta do instável Felipe.

A torcida fez aquilo que impressionara Ronaldo contra o Palmeiras, segundo o próprio: gritou ainda mais forte na adversidade. Aos 35, André Santos, contrariando alguns torcedores, não passou a bola para Ronaldo, mas arriscou de fora da área, anotando o gol mais bonito da chuvosa noite no Pacaembu. Com o tento, o lateral se redimiu da partida pífia que vinha fazendo.

O São Caetano continuava melhor que o Corinthians. Felizmente veio o intervalo. Com Dentinho no lugar de Boquita, o Corinthians voltou melhor. Aos 5 minutos, Ronaldo, do Corinthians, mostrou que não precisa estar em forma para ser decisivo. Em bola difícil, tocou de primeira para a rede. Para ele pareceu fácil.

O atacante ainda propiciou momentos de deleite para a Fiel. Com técnica acima da média do futebol brasileiro, o atacante humilhou um defensor do São Caetano no meio-de-campo e, melhor ainda, encerrou a jogada com um belo lançamento para Jorge Henrique. Ronaldo saiu aos 30 do segundo tempo, surpreendendo aqueles que esperavam apenas 45 minutos de Fenômeno. Foi aplaudido efusivamente por todos os setores do estádio. Por ser quem ele é e por ter virado o jogo para o Corinthians.

11 comentários:

  1. Belo texto, bicho. Se o setor laranja já estava aburguesado, com Ronaldo, então, parece que a burguesia que o frequentará será agora composta de torcedores de outros times também.
    Ainda nos resta o tobogam, o setor mais corinthiano dos estádios do Brasil.
    Abraço.

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  2. E viva o tal do Marketing!

    Se já sofri com o lixo do Denilson no Palmeiras ano passado, imagino você com este gordo canalha.

    Torcedores que pouco se importam com o time, sequer torcem por ele, mas estão lá para ver um produto em campo.

    Infelizmente, aqueles que entendem que o futebol não é cinema serão cada vez mais minoria. A Copa de 2014 será mais um passo para a derrocada do verdadeiro futebol no Brasil.

    A chuva de ontem em Itu me fez sentir falta do sol de Prudente!

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  3. Felipe, sem dúvida o jogo de ontem apresentou um fenômeno, com o perdão do péssimo trocadilho, que tende a se abrandar. Aqueles que torcem pra outro time devem saciar em breve sua vontade de ver o gordo em campo. Mas o preço da laranja é impraticável, ontem me despedi daquele alambrado.

    Júnior, realmente o marketing tende a dominar o futebol. Penso que vocês devem ter sofrido com isso com a instituição de setor Visa e tal - coisa que só não aconteceu no Pacaembu até agora pela "morosidade" do setor público.
    Agora, o gordo tem mais marketing e futebol que o Denílson, convenhamos.
    Abraços

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  4. Odeio o Setor Visa. Sugiro um ótimo post do Barneschi sobre o assunto: http://forzapalestra.blogspot.com/2009/03/o-que-o-dinheiro-nao-compra.html

    Quando à comparação, se é que existe, eu disse exatamente isto. Se eu sofri já com o pífio Denilson, mal imagino vocês com o gordo sem alma. Lembro dos jogos onde os caipiras pediam insistentemente pela Foca Bambi. Certamente o sofrimento de vocês será infinitamente maior.

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  5. Junior, nosso sofrimento seria realmente maior se negligenciássemos a infinitamente maior qualidade técnica de Ronaldo em relação ao Denílson.
    Abraço.

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  6. Júnior, pelo amor de Deus, nunca compare Denílson com Ronaldo. Me diga o que Denílson ganhou? Qual é sua história, para mim ele é um "cavalo paraguaio", nunca mostrou a que veio em lugar nenhum. Teve um começo meteórico no São Paulo, de lá para cá só ganhou dinheiro com o nome. Claro tem uma técnica, isso não se pode negar, mas não chega nem aos pés de Ronaldo que além de tudo tem um passado fantástico e pelo que vejo ainda tem muito futuro jogando em qualquer time. Tenho certeza que ainda é capaz de voltar à Seleção Brasileira, quanto ao Denílson, vai amargar um fim de carreira jogando em times como Itumbiara & Cia. Um abraço a todos.

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  7. Boa, Marcelinho. Nem parece que você é palmeirense. hahaha
    Abraço.

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  8. Opa, sou palmeirense sim, mas antes de tudo temos que ser esportistas e ver a realidade do nosso futebol. Nada de fanatismo e sim um amante do esporte. Abraços.

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  9. Concordo com você, Marcelinho. Este blog está aberto a torcedores de quaisquer times.
    Abraço.

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  10. Vocês estão criando uma polêmica que não fiz.

    Eu só disse que ambos são puros produtos de marketing.

    Apenas escrevi que se eu já sofri com a foca do Denilson, vocês devem estar passando por situação infinitamente pior com o gordo sem alma.

    Um cara que vendeu suas comemorações de gols para a Brahma jamais será levado a sério por mim. Quero mais é que ele arrebente os dois joelhos novamente.

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  11. CRISTIANO RONALDO E O MELHOR JOGADOR DO MUNDO FOI O LIONEL MESSI QUE DISSE

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